poeira
Se eu fosse possível
Falaria às pedras derrubadas escombros de gente entulhada
Silêncios imundos construtores da enxurrada silvos à molhada
Vermes putrefactos agitam bandeiras de todas as cores
Trapos fantasiados esvoaçam em telas de odores
Rolam choros abraços braços pedaços
Tropeçar nos esboços sonhos empedrados
Molduras de olhares suspensas nos rostos cavados
Mamas secas aquecem o grito abafado cansados
Estufas de desempoeirados desenham nas pedras
O traço cavado na secura das mãos que gemem
Chovem mordaças horas nas vidraças
Grito na guerra que me enterra
Grito no sabor a estilhaço que berra
Grito no olhar que vai cegando
Desenho na corrente do meu corpo pedaço
Rasgo no céu o sonho de sonhar
Calem-se as cores de pintar
os amores por amar
as flores de enterrar
Falaria às pedras se eu fosse possível.
eugeniohenrique 22/11/2023
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