sábado, 20 de novembro de 2021

traço_destraçado | 048

 de mim assim


foge de mim tenho-te em consumo bebo da dor fragrância apertada 

tontaria debaixo da pele o céu que olho em água espelho luz

dobro-me no espaço cheio bebo na totalidade caio adormecido 

cambaleio pedaços do meu corpo tristeza vã inútil estar nada

toco no suspiro que respiro no olhar que pestanejo o céu na água 

desenho depurado mastigado todo nuvem inquietada leveza ausente

tricoteio na sombra o traço que fustigo foge de mim assim

rasuro na planície água plácida desdobro o olhar movimento lento 

trauteio em pautas densas tenho-me na refração da dor e não paro 

burilo dentro de mim a inquietude não sendo poeta embacia a luz 

respaldo nas palavras que vão é noite e lento vou caindo 


eugeniohenrique 20/11/2022


terça-feira, 16 de novembro de 2021

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

8_0 | 024

 Pinga_a_Pote


Fechado arrumado desenho as letras cansado 

Olho janela fechada ventania de água gelada

Quero tanto não ser letra das palavras aqui

Quero tanto de pouco que seja a chuva graceja

São espelhos os de água ali luzes trémulas 

Respaldam desassossego o tempo adensa fustiga

pinga em trote lá fora aqueço-me no bafo meu

No peito galopa o silêncio em violetas 

A vidraça protege-me olho a chuva ali 

O tempo não traz de lá serpenteia no frio

Destempera em aguadas as palavras que desenho

Figuras sem detalhe gingam no vento

Rostos disformes pinguentos esculpem gestos

Acenos de nada  sintonia vã desafinada 

Soam vozes zumbem-me artilham sopros restos

O silêncio do sangue que vagueia no meu colo

Agita enfurecido o tecido lavado em perfume

O mesmo de sempre vem para mim troveja 

Estafado em ter apodero-me da chuva que ali

Caí de sono lento dedos meigos beijos lume

O tempo não traz senão o aroma pele fina 

O traço das figuras destraça-se na nuvem

Dançam gotas vidradas linhas solfejos

Vem de la o timbre adormeço pouco quase

Fechado desenho ondas nas linhas de água

Escrevo teimosamente 



eugeniohenrique 04/11/2021