sexta-feira, 16 de agosto de 2019

traço_destraçado | 032

mantaeprata

as árvores riem no embalo da luz estala o brilho transparência noivas de renda corpos longos esguios perfume  na dança despida esta do raso ao peito curva-se em namoro agita-se num frenesim lento parte de ti quieta espera que o traquina garatuje no baloiço que o vento baloiça olho a sombra de ti em mim o desenho faz desfaz-se de novo arranco-te da luz os verdes soltam chilros fundem-se abraços colos poetas putos de água agreste trepam do raso ao peito em seco espessura do sono que dói luz que dorme menino dorme sal no olhar medo a lua desenha em ouro fio fino palavras na barcaccia rota crochê de jardineiro daninho pássaro passarinho e mãe árvore sozinho sibila no arrepio as árvores riem do vento que venteia o traquina e eu no banco amarrado ao tempo esgotado na cor decapitado tenteio a escrita da tua dor no embalo da maré que te curva na secura contínuas traquina adormecido em manta de prata respira por ti respira

eugeniohenrique 16/08/2019