terça-feira, 28 de dezembro de 2021

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

sábado, 20 de novembro de 2021

traço_destraçado | 048

 de mim assim


foge de mim tenho-te em consumo bebo da dor fragrância apertada 

tontaria debaixo da pele o céu que olho em água espelho luz

dobro-me no espaço cheio bebo na totalidade caio adormecido 

cambaleio pedaços do meu corpo tristeza vã inútil estar nada

toco no suspiro que respiro no olhar que pestanejo o céu na água 

desenho depurado mastigado todo nuvem inquietada leveza ausente

tricoteio na sombra o traço que fustigo foge de mim assim

rasuro na planície água plácida desdobro o olhar movimento lento 

trauteio em pautas densas tenho-me na refração da dor e não paro 

burilo dentro de mim a inquietude não sendo poeta embacia a luz 

respaldo nas palavras que vão é noite e lento vou caindo 


eugeniohenrique 20/11/2022


terça-feira, 16 de novembro de 2021

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

8_0 | 024

 Pinga_a_Pote


Fechado arrumado desenho as letras cansado 

Olho janela fechada ventania de água gelada

Quero tanto não ser letra das palavras aqui

Quero tanto de pouco que seja a chuva graceja

São espelhos os de água ali luzes trémulas 

Respaldam desassossego o tempo adensa fustiga

pinga em trote lá fora aqueço-me no bafo meu

No peito galopa o silêncio em violetas 

A vidraça protege-me olho a chuva ali 

O tempo não traz de lá serpenteia no frio

Destempera em aguadas as palavras que desenho

Figuras sem detalhe gingam no vento

Rostos disformes pinguentos esculpem gestos

Acenos de nada  sintonia vã desafinada 

Soam vozes zumbem-me artilham sopros restos

O silêncio do sangue que vagueia no meu colo

Agita enfurecido o tecido lavado em perfume

O mesmo de sempre vem para mim troveja 

Estafado em ter apodero-me da chuva que ali

Caí de sono lento dedos meigos beijos lume

O tempo não traz senão o aroma pele fina 

O traço das figuras destraça-se na nuvem

Dançam gotas vidradas linhas solfejos

Vem de la o timbre adormeço pouco quase

Fechado desenho ondas nas linhas de água

Escrevo teimosamente 



eugeniohenrique 04/11/2021


segunda-feira, 18 de outubro de 2021

traço_destraçado | 047

 e-s-t-o-u_d-e_chuva


Pinga no chão que piso amo

As folhas secas acordam amo

As palavras diluem o longe amo

Desenho desenhos de água fria amo

Salto de gota em gota vivo amo

Canto no silêncio da chuva amo

Adoeço lentamente pinga 

O gato vem de miar miando amo

Brilha na rua a luz do charco amo

Correm no tempo os olhares medo amo

Chove no rio que vai água pele amo

Chove em pauta de chuva lenta amo

Adormeço lentamente pinga

Afago em lenços da chuva cai 

Plumas asas voo lágrimas 

Anoitece devagarinho vai o sol 

A portada de sopro sopra a trémula luz

Aguado adormeço no desenho

Está de chuva e eu também



 eugeniohenrique 17/10/2021


quinta-feira, 14 de outubro de 2021

traço_destraçado | 046

 amanhã_NÃO_me_encontres


tropeço em pedras densas que adornam o quintal da minha escrita cúbicas frias pesam nas palavras vãs 

o sol penteia a dureza esgueira-se no olhar da cegueira noite em gelo disforme trôpego 

tropeço em pedras densas inertes escultor estulto asas na poeira que o vento venta

quanto de nada é seres pedra densa seres imensa na frieza que golpeias em linhas de sol 

quanta  ignomínia vestes em vestes de pedra densa

toda em ti tropeço no tempo que te peço 

salto descalço em dança fustigada arrufo inane engomada

chilreio o cheiro do teu odor embrulhado no capote da madrugada

estarei na ausência no charco da tua erudição

amanhã não me encontres 

eugeniohenrique 14/10/2021


sexta-feira, 24 de setembro de 2021

traço_destraçado | 045

 às tantas quantas


Quantas armas armam o olhar desajeitado vadio espelho saturado sem bola sem fio a girar no deserto de amar 

Quantas armas armam o estilhaço vítreo do riso teu que escondes no céu | Quantas armas são o pão de pó que não invento e corres no vento para nada e só | Quantas armas tens que não tendo te amam no vazio do navio sem casco sem pio | Quantos pulos dás no charco que te encharca de poetas cometas tretas | Quantos salpicos na água que pisas brincas a brincar corres foges olhar desajeitado vadio de amar | às tantas nada.


eugeniohenrique 22/09/2021


domingo, 8 de agosto de 2021