apneia
Estou aqui ontem também mas não como já
O quente do ar que me afaga de mansinho
O silêncio perdido na máquina que me abraça
Passa em água ninho a barcaça devagarinho
Árvores vestidas de ramos que dançam para lá
Gemidos de gente que se agarra ao pente do vento
Invento no canto onde estou trémulo na escrita
Frágil nos desenhos que revejo aqui
O tempo sopra na minha dança sacode o que tento
Ter no ar quente febril a manga arregaçada no olhar
O espaço que me assenta molda o corpo que se esmaga
No perfume medicinal de ontem também agora
Traquejo no bote as viagens trajetos linhas
Reduzo a figura que embalo na ausência
Vou volto em correria febril respiro ventos
Ais de quem se esmaga no medo eu também
eugeniohenrique 38/2/2024