quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

traço_destraçado | 033


medite|râneo|só|fre

visto a pele na espessura do frio|arrepio pingos de água|molham-se-me os sonhos rasgo|na nuvem escura medo de mim| mágoa|bote de papel engomado| abraços olhares ais que esmago|na lapela de um cristo que desconheço|atravesso os desejos na ondulação raivosa|vozes de pedra em mantos de brilho seco|credos submersos dispersos|aroma de poetas gargarejam o ar que perdem|afogados entorpecem no colo empedernido|mãe dizia|encolhidos na noite tecem a dor|nuvem de estetas|sem pudor sem calor estupor|onde vais menino dançar| charcos de silêncio|cantos de cantar|gritai tolhidos tolos|os que gritam|cristos de nada|vidraça|desenho os meninos|que a maré amassa|água suja de pó|olha só 

Eugeniohenrique 19/12/2019

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

8_0 | 018

trapeioemsono

adormeço nos trapos fogueio as palavras vivo no cesteiro de letras adormeço na queima bichos nichos leio no sol medroso vadio nos desejos rapo os aromas da noite grafito o espanto na nudez sou em arder dedilho na água o arfar do nada vivo nus trapos o tempo vai na sombra contorno a luz rubor silêncio nos lábios da noite pele quente adormeço nas palavras que me amaciam a dor nuas sempre nuas folhas secas de ser desenhos no limite do rio caem desassossegos a onda vai em leito de escrita como quero não sabendo tocar-te flor em desflorar beijos de rosa trapos do adormecimento adormeço assim  


eugeniohenrique 30/10/2019

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

traço_destraçado | 032

mantaeprata

as árvores riem no embalo da luz estala o brilho transparência noivas de renda corpos longos esguios perfume  na dança despida esta do raso ao peito curva-se em namoro agita-se num frenesim lento parte de ti quieta espera que o traquina garatuje no baloiço que o vento baloiça olho a sombra de ti em mim o desenho faz desfaz-se de novo arranco-te da luz os verdes soltam chilros fundem-se abraços colos poetas putos de água agreste trepam do raso ao peito em seco espessura do sono que dói luz que dorme menino dorme sal no olhar medo a lua desenha em ouro fio fino palavras na barcaccia rota crochê de jardineiro daninho pássaro passarinho e mãe árvore sozinho sibila no arrepio as árvores riem do vento que venteia o traquina e eu no banco amarrado ao tempo esgotado na cor decapitado tenteio a escrita da tua dor no embalo da maré que te curva na secura contínuas traquina adormecido em manta de prata respira por ti respira

eugeniohenrique 16/08/2019

terça-feira, 25 de junho de 2019

oh_nao | 004

Gotejoplim


pingareis no colo frio do teu peito palavras na minha mão que aperto traqueio o silêncio corresse eu agora e nada atrelo-me na tua pele na vidraça chove mansamente escovalho o olhar trauteio os pontos de água linhas avanço a mão e agarro o ar que vem de lá danço descalço cartas que não escrevo na pele da água que pinga desaperto o olhar na ausência cresce o espaço impaciência noites em sol quente serpenteio o corpo que adormece fuga do toque ponto de água plim sopro ventania tanto queria soprar em timbre de hóstia desenhar além da pele escrever no teu peito em dó tanto queria


eugeniohenrique 25/06/2019

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

oh_não | 003

umabicaporfavor

Hoje sábado | sol | frio - demasiado - vento sem notícias | gente inquieta | que passarada é esta que a banhos tilintam asas de voo tontas tamborilam na água gélida espantadas com o bicho que a linha do sol traz atrelado à gente à voz do silêncio | rasto de marcha | passada lenta dança dançada | noites de dor | o bicho atiça | eu na preguiça do voo olho aos pedaços  e não vejo cego do vento que morde o canto - tanto - espanto - no mergulho da ausência | está frio o sol foge do bicho - farto - escrevo à minha volta | ela limpa a conversa com inhos cafe zinhos  sorri em arame que brilha em harpejos  coloridos | azul como aqui convém |fato de cãozinho que se pavoneia - inha talvez - em rosa - que me olha na vidraça - ameaça - pequenez - susto - acho graça | não acho nem sei do manto mantinha embaraço na dança | vais | não estou ando | és hoje | escrita dos olhares - ratoeira minha - a poeira que o vento canta | o bicho afogou o frio dela | sorriu | aqui tem o seu cafezinho | aqueço 

eugeniohenrique 6/2/2019

sábado, 26 de janeiro de 2019

oh_não | 002

sedaleve

Está frio espero desço dentro de mim escadeio a hora é manhã agasalho a pele que bambeia. na falta de luz mortece o olhar em fogo fogueira crepitar meu em desejo nuvens de ironia fobia na saudade todo o dia desço assim apenas o frio é verdade nem tarde nem noite ateio letras que desenho no palmar dos pés que não sinto traqueio a voz dolorida que visto em manto de asas para lá das margens caminho em tontaria ponte luz minha arquiteto de seda moro por aí sussurro no sono e desço dentro de mim garatujo debaixo da pele sopro no vento invento a linha que vai de mim instante em nada serpenteio no trilho da sombra dói de dor baloiço de menino e cai de pé goteja sinfonias palavras bravias está frio empurra dança comigo dentro de mim

eugeniohenrique 26/1/2019