Se fosse bomba caía de cima
Brilham por florir campos secos | margem bravia rio imenso tenso | desafinada melodia | tanto céu ninguém | penso | brilham os olhos secos | traços de água em cestos de abraços | correria embaraços |
brilham sonhos ávidos ingentes | quentes | sibilam fedelhos em penas hirtas | ondulam as palavras exaustas | secura em tempo frio de ser | submersos escombros sois perdidos | pautas | rasura | gemido debaixo da pele | cruel | palavras em fel estilhaçam sorrisos | os putos choram nos seios de mães dormentes | sono despertado arruinado | choro seco | rostos tatuados de flores secas | trincam odores horrores |
e se eu fosse bomba caía de cima olhava dentro da moldura abria em cor flor jorrava leite para seios assustados inundava de sorrisos olhares cerrados queimava de amor triturava a dor derretia o sabor ácido do nada e se eu fosse bomba caía de cima |
chovem no regaço as palavras | vazio | pessoa ensebada no ser pérfido | carreiros de formigas ameaçam o espaço teu | ogivas de aço traço cagaço estupor | brilham em nuvens átonas linhas de dor | o céu ausenta-se | de mim
eugeniohenrique 5/3/2022