sábado, 17 de julho de 2021

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 sedetenhosede


Que coragem é essa que o chão esconde cavo no medo

Repouso o olhar no traço largo de água espelho de brilhos

Um pequeno bote desenha linhas outras os abraços em remos 

Acomodam o medo ausente desliza manhã silêncio

Notas de amarelo e azul pequeninas levantadas do chão

trazem às palavras por dizer o embalo de colo

Olho a outra margem espreito no frio do espanto

A quietude que amacia a distância de lá

Que coragem é essa que te afasta em linha seca

Desta luz minha travo de pétalas em pele fina

É o canto do sussurro que vem no sopro

Escuto o som do vazio distante em timbre

De rosto nuvens de ouro quanto canto silvo

De infantis que voam em tombaria tonta

Que coragem levanta o tempo do sol 

Que acolhe o sono em manta desajeitada

Toscas raras essas as palavras gorjeadas 

A maciez do vento que me toca tocaste 

No rosto do meu desejo e o sol encosta devagar

No sino que badala acorda coragem voo de asa

Raso à água onde nadas sobre mim quero a tua pele

Enlaçar-me nas nuvens apetece-me tanto

Ser gemido  arrulho tido pestanejo suor

Coragem que o chão esconde em rasura 

Leva-me no teu rio de pétalas cacho de aromas

Sou o bote que desenha na água tenho sede


eugeniohenrique 16/07/2021