sexta-feira, 4 de agosto de 2023

8_0 | 034

 Tontura em água salgada 


Tenho os pés molhados de solidão charco de ausência

Se ao menos o sol viesse seria cor

Se fosse cor o violeta o meu traria o aroma da primavera

A escada que se enrola até cima 

Sem ver já desenhei já te desenhei

De tanto ter na ausência

Afogo-me no charco

Caminho no escuro que nos ilumina 

A maresia acorre ao colo

Tenho queimor desenfreado

Tonto 

eugeniohenrique 3/8/2

terça-feira, 1 de agosto de 2023

traço_destraçado | 067

 Com sede


Despejo no interstício os chuviscos que me amaciam desfocado olhar venteia devagarinho e ando no canto do silêncio tanto quero o Franz deixa-se para mim na escrita que leio sofro de tontura que me acomoda a pele que estala cambaleio desolado no espaço do sono tenho sono dormindo no tempo adormecido em esfumado de cinzas a ponte cresce no movimento do olhar a passarada endoidece e eu leio em ferida o vazio sinto-me entranhado de palavras que voam com a passarada que passeia acima da ponte que se estica no pesadelo estou assim na dúvida que não deixarei de estar em tontura as folhas brilham em sinfonia lenta o aroma sopra quente respiro apressadamente em assobio vem até mim em dança trémula envaidecida nos brilhos que espanta bico atirado à quietude papo orgulhosamente empapado e eu aqui nas sombras desfraldadas em desassossego bulem desenhos infiltrados no andar sem tempo a tarde vai na luz que se perde para lá da ponte o canto do vento rodopia na pele chão da tontura ontem menos hoje mais vai e vem o puto será que tem palavras para palavrear como eu só ele pés na água eu com sede


eugeniohenrique 1/8/2023


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