domingo, 8 de agosto de 2021
sábado, 7 de agosto de 2021
traço_destraçado | 044
sopronovento
Quanto sobra Esboço esfumado Papel rasurado Mantos de água em linhas de sol Quanta chuva chove nos seios deste meu desenho Levantado do chão febril incendeia o festim Palavras que deixo vestígio na margem da folha Resíduos de nada que ocupam o espaço de ser Todo Resta o resto que deixo sendo A planura é líquida e chora chorando triturado em farrapos Grito em sopro abafo macio Garatujo na pele a sombra dos riscos que risco Bocejos de fumo que fica Pousio do poeta Quantas palavras digo não dizendo Cintilo na ausência Pinga de mim a árvore perdida nos ramos que a água agita que o pássaro pontilha de canto Venta devagar o vento Pontos de asa no ar Traçam linhas sem traçar O vento venta na pele sons de nada em fuga Caem letras das palavras A cor do embaraço abraço em folhas de vento devagar Páginas minhas de ti poucas Desenho na margem que se esquiva Esboço rasuro o pensamento Voa em voo descalço lento de medo susto Finjo na leveza do papel que liberto Janela vidraça de rostos Traços inquietos desassossego torpe Rasuro o vazio caminho nele Sobra a sombra do nada ponto mínimo Quanto desenho este O vento venta leva
eugeniohenrique 6/8/2021
segunda-feira, 2 de agosto de 2021
r-a-m-o | 015
Zeca Afonso
Vejam bem
Quando um homem se põe a pensar
Quando um homem se põe a pensar
Dorme à noite ao relento na areia
Dorme à noite ao relento no mar
Dorme à noite ao relento no mar
Uma praça de gente madura
E uma estátua
E uma estátua de frebe a arder
Pela noite de breu à procura
E não há quem lhe queira valer
E não há quem lhe queira valer
Daquele homem a fraca figura
Desbravando os caminhos do pão
Desbravando os caminhos do pão
Uma praça de gente madura
Ninguém vem levantá-lo do chão
Ninguém vem levantá-lo do chão
Que não há só gaivotas em terra
Quando um homem
Quando um homem se põe a pensar
Dorme à noite ao relento na areia
Dorme à noite ao relento no mar
Dorme à noite ao relento no mar