quinta-feira, 4 de novembro de 2021

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 Pinga_a_Pote


Fechado arrumado desenho as letras cansado 

Olho janela fechada ventania de água gelada

Quero tanto não ser letra das palavras aqui

Quero tanto de pouco que seja a chuva graceja

São espelhos os de água ali luzes trémulas 

Respaldam desassossego o tempo adensa fustiga

pinga em trote lá fora aqueço-me no bafo meu

No peito galopa o silêncio em violetas 

A vidraça protege-me olho a chuva ali 

O tempo não traz de lá serpenteia no frio

Destempera em aguadas as palavras que desenho

Figuras sem detalhe gingam no vento

Rostos disformes pinguentos esculpem gestos

Acenos de nada  sintonia vã desafinada 

Soam vozes zumbem-me artilham sopros restos

O silêncio do sangue que vagueia no meu colo

Agita enfurecido o tecido lavado em perfume

O mesmo de sempre vem para mim troveja 

Estafado em ter apodero-me da chuva que ali

Caí de sono lento dedos meigos beijos lume

O tempo não traz senão o aroma pele fina 

O traço das figuras destraça-se na nuvem

Dançam gotas vidradas linhas solfejos

Vem de la o timbre adormeço pouco quase

Fechado desenho ondas nas linhas de água

Escrevo teimosamente 



eugeniohenrique 04/11/2021