Pinga_a_Pote
Fechado arrumado desenho as letras cansado
Olho janela fechada ventania de água gelada
Quero tanto não ser letra das palavras aqui
Quero tanto de pouco que seja a chuva graceja
São espelhos os de água ali luzes trémulas
Respaldam desassossego o tempo adensa fustiga
pinga em trote lá fora aqueço-me no bafo meu
No peito galopa o silêncio em violetas
A vidraça protege-me olho a chuva ali
O tempo não traz de lá serpenteia no frio
Destempera em aguadas as palavras que desenho
Figuras sem detalhe gingam no vento
Rostos disformes pinguentos esculpem gestos
Acenos de nada sintonia vã desafinada
Soam vozes zumbem-me artilham sopros restos
O silêncio do sangue que vagueia no meu colo
Agita enfurecido o tecido lavado em perfume
O mesmo de sempre vem para mim troveja
Estafado em ter apodero-me da chuva que ali
Caí de sono lento dedos meigos beijos lume
O tempo não traz senão o aroma pele fina
O traço das figuras destraça-se na nuvem
Dançam gotas vidradas linhas solfejos
Vem de la o timbre adormeço pouco quase
Fechado desenho ondas nas linhas de água
Escrevo teimosamente
eugeniohenrique 04/11/2021