sexta-feira, 30 de julho de 2021

traco_destracado | 043

 ?)debocafechada


(?)Como te conheço hoje

(?)Que olhar é esse que não reconheço 

O teu pouco rosto não me fala tanto

Sorris quando(?) que não deteto

Falas comigo sem lábios 

Preciso deles 

Não sei da tua pele 

Não sei do teu aroma 

Perco-o da memória 

O teu sabor não chega ao meu

Quando me olhas procuro o teu olhar

Se choras as lágrimas secam no trapo

Que te abafa o choro

(?)Que palavras dizes na surdez

(?)Quanto tens do meu olhar escasso 

Da minha voz em afonia 

No limiar do silêncio baço 

Do sorrir que desenho na rasura

(?)Quanto de mim tens 

No sonho que escondo de ti

A máscara cuida 

(?)Como me conheço hoje

Se não me sinto senão 

Mascarado em disfarce

Canto rente ausente

No espaço da voz que me pertence

Vou sendo 

Adormecido no colo

Que me aperta 

Nesta coisa que me tem 

Mascarado

eugeniohenrique  30/07/2021

sábado, 17 de julho de 2021

8_0 | 23

 sedetenhosede


Que coragem é essa que o chão esconde cavo no medo

Repouso o olhar no traço largo de água espelho de brilhos

Um pequeno bote desenha linhas outras os abraços em remos 

Acomodam o medo ausente desliza manhã silêncio

Notas de amarelo e azul pequeninas levantadas do chão

trazem às palavras por dizer o embalo de colo

Olho a outra margem espreito no frio do espanto

A quietude que amacia a distância de lá

Que coragem é essa que te afasta em linha seca

Desta luz minha travo de pétalas em pele fina

É o canto do sussurro que vem no sopro

Escuto o som do vazio distante em timbre

De rosto nuvens de ouro quanto canto silvo

De infantis que voam em tombaria tonta

Que coragem levanta o tempo do sol 

Que acolhe o sono em manta desajeitada

Toscas raras essas as palavras gorjeadas 

A maciez do vento que me toca tocaste 

No rosto do meu desejo e o sol encosta devagar

No sino que badala acorda coragem voo de asa

Raso à água onde nadas sobre mim quero a tua pele

Enlaçar-me nas nuvens apetece-me tanto

Ser gemido  arrulho tido pestanejo suor

Coragem que o chão esconde em rasura 

Leva-me no teu rio de pétalas cacho de aromas

Sou o bote que desenha na água tenho sede


eugeniohenrique 16/07/2021


segunda-feira, 5 de julho de 2021

8_0 | 22

 Violetas_Op.13_Pathétique


o sol encosta-se na luz que ofusca o olhar 

o vento pouco que me acorda no limite dança em pontas 

enrosco-me no sabor da noite que vem olho desenho

ato-me na finura do desejo voar em letras de sol que vai

na hesitação perpetuo o tamborilar do silêncio 

a luz afunda quente rente à margem da pele

arrefece o olhar na distância que arde chão

violetas que se aconchegam no bosque traços negros

arrulhos adormecidos cocuruto em festim 

as portadas abrem-se no brilho do fogo que espreita

sonata lenta sopros dedilhados rostos suados

dança em crina timbre nos dedos que te garatujam 

? Quanto do tempo há no vestígio desta luz

? Quanto do tempo há no vestígio de ti

violetas as horas que não me fujam 

eugeniohenrique 4/07/2021