sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

8_0 | 017

fum_aça

nunca quis tanto saber de mim não sabendo quero muito estar na fumaça em vento sopro de saudade não te tendo não me tenho todo que raça é esta noite vã vazia no toque espreguiço desejo devagar como quem sente estalido em te ter e não ter o rio leva na margem o temor pintalgado leve vertigem serpenteada em sono longo estás longe o fumo da fumaça nada me diz desassossego meu flores tocam os sinos desenhos aromas tângeras vozes  de mim só quero tanto saber de mim por ti ateio a luz no colo do meu peito mendigo de mim imperfeito e lateral à minha razão que não agarro sombra do meu olhar bule no fio da luz arpando linhas que ergo erguendo o meu corpo fora dele tendo-te no silêncio lento que vai no fumo da fumaça esconderijo escondo-me no pouco que me tenho quero tanto ter-me tendo inteiro 

eugeniohenrique 28/12/2018

sábado, 22 de dezembro de 2018

traço_destraçado | 031

Sono no chão

Durmo nas palavras que procuro finjo de mim assim
Os traços que respiro película de seda
Vereda de esboços trauteiam fugas cansado
Nuvem em cinza pinguela sonhos que tiro à noite
Quantas as linhas amarradas engomadas estafado
Poeira de vento em sono no chão desarmado rio
Coro de fadas fedorentas em jasmim fogueira de pó 
A mão treme linha de ser finjo ensonado
fragilidade habitam sons borboletas e cometas
Feras em barcaças de papel palco de mel
Assim vai o dia à vez de cada 
Postal de escombros na pedra que mói água fria
No desenho tudo habita rua de poetas ameaças
Putos de cuecas vozes de canto em pássaro doido
Descalço de ser coragem petas que foi
Se fosse santo pranto banco a noite vem 
Escrevo no chão o sono que adormece

eugeniohenrique 22/12/2018

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

oh_não | 001


agora_outono_amanha

escrevo na véspera de ti
no vidro os pingos de água outono 
folhas tantas caídas
e tu não 
a luz do sol medroso 
esculpe a distância férrea 
Dói de dor 
Escrevo no golpe 
O peito estala em frio
Toco no desejo e o pingo pinga 
Não te vejo 
Escrevo no desabar
O vento trás aromas de olhar 
Tu não tu não cais 
O outono sim
eugeniohenrique 18/12/2018

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

traço_destraçado | 030

Cadeiradeletras


sento-me às doze sinetas lentas porventura pessoa que deixando de o ser será outra coisa sento-me em frente casa da juventude olho o cinza de arquiteto e vejo gaivotas nas vidraças disponíveis vejo folhagem que se desenha em espelho terão sido limpos os vidros mantendo a transparência para o desenho vejo uma calçada em pedra miúda lavada vejo um corpo massacrado que me estaciona sem pedido e aguarda de mão expandida que os pingos que salpicam da fonte nova  renovada saltitem frescura em dia de braseiro acontece nada e vejo-me quase só não fossem as árvores, os chilros baloiços esfomeados a água que canta em voz presa de granito polido cai um pedacinho que será pauzinho provocando-me no silêncio e no olhar ziguezagueando em dança estreita serei a criança na vidraça e sentado sento-me tenho medo desta ameaça



eugeniohenrique 6/8/2018

sábado, 11 de agosto de 2018

a_mo_muito | 001

d_o_i_d_o_i

deus pôe a mão por baixo e catrapus e a dor atravessou certeira nada como um rio espelho em quietude nada bule a luz vibra de contentamento e a dor doi vôvô doi muito as árvores adormecem no meu colo vovó doi colinho choro comigo em flor 


eugeniohenrique 6/08/2018

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

8_0 | 016

borboletaBranca

não apetece escrever não apetece ser escrita garatujo linhas em letras que se soltam do jas(mim) aroma do tempo esquivo quente crepitam as folhas no vento que me toca não me apetece levantar para amar não me apetece o sol a luz a água espreguiça-se no chão de verdes pedaços de pão em pico pico o sino badala festim de pássaros pequerruchos não me apetece a escrita de leitor desenho formas todas as formas com linhas todas as linhas letras quase todas de água verde respiro espaços traços de ar quente desenhos de borboleta que dança em veste branco sim desenhos sem agostinhos inúteis esses sem jasmin não contaminados com o sol que brilha no silêncio do borboletar não apetece o cheiro das palavras estou em ruído toca o piano que me enrodilha de qualquer coisa coisa toda saudade                       a noite adormece                           não me apetece


eugeniohenrique 2/8/2018

quarta-feira, 16 de maio de 2018

traço_destraçado | 029



Se_fosse_Galileu_rodava_ao_contrário 

Tocava cantava falava escrevia sentia mentia pintava comia adorava fazia Gemia mexia olhava nadava tremia saltava voava inventava sorria dormia Amaciava aconchegava saboreava temia enrolava desenhava lia espelhava Imaginava corria escondia girava torcia embalava engolia gritava daria amava seria esfriava aqueceria criava vivia entendia ganhava mapeava trilhava partia procurava investia gerava emocionava convertia utilizava mediava representava Refletia fibrilava perseguia contraditava confundia obstruía publicava imprimia fabricava residiria complicaria utilizava pensava retia olhava Weiner fugia esmagava Convocava falia substituía documentava embebia fabricava canonizava definia reivindicava esculpia fotografava dançava calava expandia reduzia filmava declamava instalava reproduzia discursava dominava circulava processava hesitava nauman escolhia discursava lapa contornava avaliava Kant
vinculava afirmava perdia significava libertava envolvia utilizava diluía expunha rompia espreitava desconfiava alimentava formulava projectava legitimava morria focava referia kosuth conceptualizava constituía gostava duchamp minimizava demitia analisava fracassava negava conjugava esculpia sugeria suava lidava habitava operava manifestava interrogava intuía excluía condensava assumia aceitava expressava minimizava agendava levantava todas as palavras ao contrário se fosse não seria


eugeniohenrique 16/05/2018

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

r-a-m-o | 014

territoriodelá

Se fumasse fumava o sopro frio da distância 
Vivo em traça permanente 
Esquivo-me tanto desta tosse que me abafa 
Sufoco-te na vidraça
Longe 
Olho em frente na talha que esculpi ganância
Fumaça substância 
E nada
Longe
Intoxico-me da noite crua nua
estás longe
Trauteio no intervalo do tempo este frio que aperta
Chove em nuvem cheia 
Desassossego de cara meia
Se fumasse fumava o teu sopro aqui 
Cai neve
Anda vem daí 
eugeniohenrique 28/02/2018




quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

8_0 |15

espessura_mim

Sufoco na espuma da onda que crio
embalo calo falo trauteio em oco o frio dos dias 
Tenho uma manta de mantinha coisa minha e tua
Barco barquinho em pele nua sufoco na espuma 
devagarinho salpicos de tremor ninho de pétalas rubor
Sussurro tambor em sangue de amor espuma olhar
Dançar no silêncio picos de traços febris sal 
Linhas de ouro nuvens de sabor pouco pouquinho 
Casa no caminho asas ninho pássaros de água viajam pertinho
Que calor 
Tela em toque de escrita pedaço traço o aperto da margem
Que silêncio na água que ondula ofegante toque de arpa
Barca de olhares em quente cintilam sois aromas
Terra de água barqueiros inquietos nuvem de bafo dedilhar em cordas 
De oiro sono estreito jeito de amar sufoco na espuma
Na pele em timbre de cantor no silêncio é macio o ardor 
Papagueado em ventania arrepia de ser assim mim

eugeniohenrique   8 /02/2018