domingo, 22 de outubro de 2023

traço_destraçado | 069

 sonoestreiteza


Na noite a janela abre-se dentro nas estrelas

Ensonado torço as palavras que estalam 

O brilho estreito vem no olhar dentro do limite 

Sussurro na penumbra e danço na cegueira 

O fio de luz enrola o tempo no meu colo

Estou no canto acocorado no latejar da ausência 

Há um traço mínimo que gira no solo que me tem

Trepo e nele tenho a surdez do canto maneira

De ser na noite que se abeira e me torce no peito

Quanto do espaço não tenho enrolado no manto

Debaixo da pele que pula em espanto

Exausto na solidão desenho linhas 

No corpo em dança no redanho das letras que trago

Travo no sono estreito a pronúncia do silêncio

Desamparo meu que desfia o fio do outono

A folha adormece no desenho e cai


eugeniohenrique  22/10/2023