traços_silvos- - - - -
Leio no azul bordado de cinzas o tempo hoje
Pingos de água cintilam e aborrecem
Adormecido no canto chilreio palavras
Cindidas espargem em pedaços estilhaços
Cantorias em choro de colo frio bala
Poetas nos escombros ombros amassos
Escavam na escrita a dor do azul que não é
O chilreio é grito na gruta dos poetas
Morrem os sinos nas palavras que pesam na terra
Herói que veio afinal não tontaria gritaria
Fustigas em traço noturno que arranca em fumaça
Vocalizos serpenteiam no festim subterrado
Do céu amor vem do céu a dor calor em nada
O vazio em sombra alonga o choro
Leio na voz do nada ser ninguém por ser
Simplesmente
Adormeço ao postigo e não te vejo aí
A noite rasura a tua ausência
A quem abraças se não tens abraços
A fustalha navega entre traços silvos
Contrição salmo de glória imunda afunda
Canteiro de poetas letras de pó
Adormeço e não durmo - - - - na guerra toda nossa
Atulho-me por ela no meu céu cru
eugeniohenrique 17/05/2021