quinta-feira, 20 de maio de 2021

traço_destraçado | 041

 traços_silvos- - - - -


Leio no azul bordado de cinzas o tempo hoje

Pingos de água cintilam e aborrecem 

Adormecido no canto chilreio palavras

Cindidas espargem em pedaços estilhaços

Cantorias em choro de colo frio bala 

Poetas nos escombros ombros amassos 

Escavam na escrita a dor do azul que não é

O chilreio é grito na gruta dos poetas

Morrem os sinos nas palavras que pesam na terra

Herói que veio afinal não tontaria gritaria

Fustigas em traço noturno que arranca em fumaça 

Vocalizos serpenteiam no festim subterrado 

Do céu amor vem do céu a dor calor em nada

O vazio em sombra alonga o choro 

Leio na voz do nada ser ninguém por ser

Simplesmente 

Adormeço ao postigo e não te vejo aí

A noite rasura a tua ausência 

A quem abraças se não tens abraços

A fustalha navega entre traços silvos 

Contrição salmo de glória imunda afunda

Canteiro de poetas letras de pó 

Adormeço e não durmo - - - -  na guerra toda nossa

Atulho-me por ela no meu céu cru 



eugeniohenrique 17/05/2021