aperta-meatado
aperta-me esta luz sempre que te quero tocar
a pele tua queima a voz do silêncio meu
cantoria patética frenesim de formigas
o espaço brilha desautorizado sobre o olhar cego
serpenteiam na vidraça estalidos desejos suor
o gorjear da passarada que baila em piso de água
golpeia o silêncio do ar que respiro fervente
harpejo sabores distantes ais delirantes
a luz dói na linha da pele que chora
é tão pouco este nada janela fechada
é macia a manta que te embala corpo raso nu
finura quanto me aperta a desventura
afogado no olhar olhar em rasura poeta
tanto nada digo que o sopro leva
desalinho desejo atado trepa
em flor que desfolho aromas de escrita
danço dança comigo no gotejo alado
aguadas febris gesto pele tanto quis
maneio no embalo de arrulhos azuis
sonata breve que o silêncio sopra
na distância tamborilo tempo bastante
para que esta luz me aperte
e a dor me encante
eugeniohenrique 8/05/2021