segunda-feira, 10 de maio de 2021

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 aperta-meatado


aperta-me esta luz sempre que te quero tocar

a pele tua queima a voz do silêncio meu

cantoria patética frenesim de formigas 

o espaço brilha desautorizado sobre o olhar cego

serpenteiam na vidraça estalidos desejos suor 

o gorjear da passarada que baila em piso de água

golpeia o silêncio do ar que respiro fervente

harpejo sabores distantes ais delirantes

a luz dói na linha da pele que chora

é tão pouco este nada janela fechada

é macia a manta que te embala corpo raso nu

finura quanto me aperta a desventura 

afogado no olhar olhar em rasura poeta

tanto nada digo que o sopro leva 

desalinho desejo atado trepa 

em flor que desfolho aromas de escrita

danço dança comigo no gotejo alado

aguadas febris gesto pele tanto quis

maneio no embalo de arrulhos azuis

sonata breve que o silêncio sopra 

na distância tamborilo tempo bastante

para que esta luz me aperte

e a dor me encante


eugeniohenrique 8/05/2021