quinta-feira, 23 de agosto de 2018

traço_destraçado | 030

Cadeiradeletras


sento-me às doze sinetas lentas porventura pessoa que deixando de o ser será outra coisa sento-me em frente casa da juventude olho o cinza de arquiteto e vejo gaivotas nas vidraças disponíveis vejo folhagem que se desenha em espelho terão sido limpos os vidros mantendo a transparência para o desenho vejo uma calçada em pedra miúda lavada vejo um corpo massacrado que me estaciona sem pedido e aguarda de mão expandida que os pingos que salpicam da fonte nova  renovada saltitem frescura em dia de braseiro acontece nada e vejo-me quase só não fossem as árvores, os chilros baloiços esfomeados a água que canta em voz presa de granito polido cai um pedacinho que será pauzinho provocando-me no silêncio e no olhar ziguezagueando em dança estreita serei a criança na vidraça e sentado sento-me tenho medo desta ameaça



eugeniohenrique 6/8/2018