sábado, 20 de novembro de 2021

traço_destraçado | 048

 de mim assim


foge de mim tenho-te em consumo bebo da dor fragrância apertada 

tontaria debaixo da pele o céu que olho em água espelho luz

dobro-me no espaço cheio bebo na totalidade caio adormecido 

cambaleio pedaços do meu corpo tristeza vã inútil estar nada

toco no suspiro que respiro no olhar que pestanejo o céu na água 

desenho depurado mastigado todo nuvem inquietada leveza ausente

tricoteio na sombra o traço que fustigo foge de mim assim

rasuro na planície água plácida desdobro o olhar movimento lento 

trauteio em pautas densas tenho-me na refração da dor e não paro 

burilo dentro de mim a inquietude não sendo poeta embacia a luz 

respaldo nas palavras que vão é noite e lento vou caindo 


eugeniohenrique 20/11/2022