sábado, 29 de julho de 2023

traço_destraçado | 066

 lucros e rentabilidade 

Acordado atordoado com os vencedores

Golpeiam como invasores em sulcos de dor 

Gingam em palcos de silicone o alimento

Indigesto sofrimento 

Milhares de milhões outros glutões 

Germinam em canteiros vermes daninhos 

A terra desmancha-se em covil de formigas

Engravatados artilheiros abastados

Tricotam no alimento a espessura do poder

Oleosas as palavras profetas roedores

Arquitetos de pontes manto o santo abraça 

Dorme menino dorme amanhã voltarás menino

Sem trapo sem pão 

Tens um amigo canino

Mastigas o poema 

Afortunado com nada

Esvazias o olhar 

Devagar 

Não entendes não importa

Morto de ti esventrado

Acocorado no templo fechado

Choras secas as lágrimas 

Que importam

As páginas que te aquecem

Emprancham o equilíbrio da tua desgraça 

Festim na barcaça que se penteia na vitória

Vences na ganância que desarrolhas 

Vences no teu leme acostumado

Vences os vencidos na plateia

Discursas no flash da desgraça 

Viveremos sem ti no poema 

Viveremos sem ti na dureza do pão

Viveremos sem ti no canto da liberdade

Viveremos sem ti no amasso de um beijo

De uma mão

Sem ti serei 

Esmagar-me-ei.


eugeniohenrique  29-07-2023 


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