Postigar
saltito nas imagens que ondulam no rio frio
os galhos vibram com o vento que zumbe em sopro
pássaros desenham as palavras no olhar que olho
brincam em ondas de pirralhos garatujam
o frio da chuva atalha abraços passos caminho só
despidas em batutas as árvores inquietam pestanejo
o ponto que brilha na tela acasala o aroma de nada
vai e vem de poucos que tilintam o sabor deste canto
apressam os traços que o sopro sopra e vão
em gotículas que trauteiam o medo da noite cedo
galgo no aroma que me aquece e voo nas margens
doem os dedos da escrita que não escrevo
escavo palavras na corrente que corre para lá
afundo o olhar no meu colo Rilke
no embalo que me embriaga a noite vem
tenho-me no sono e chove desassossego
harpejo na distância
o postigo estreito
eugeniohenrique 11/03/21
Sem comentários:
Enviar um comentário