segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

dança comigo

Depois de ver este vídeo, retive-o para mim e estilhaço-o para cada um dos que me levam aos pedaços. Apetece deixar-me nas gostas de água que me acompanham na vidraça. Dança comigo dança.

4 comentários:

Anónimo disse...

Sabes que Pablo Neruda tinha uma grande coleccção de conchas, como se fossem a marca do seu fascínio pelo mar. Sabias que percorria as praias a apanhá-las, recolhendo-as, trazendo um bocadinho de mar e deixando o seu rasto, escrito nas pegadas na areia e nas palavras feitas rasto, pegada, marca... eternas (como as marcas deixadas por cada um de nós em cada um de nós). Já pensaste em como um rasto pode ser tão fugaz e tão permanente?

Anónimo disse...

Posso escrever os versos mais tristes essa noite.

Escrever, por exemplo, “a noite está estrelada,
E brilham, azuis, as estrelas, ao longe”.

O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes essa noite.
Eu a quis e, às vezes, ela também me quis.

Em noites como essa a tive em meus braços.
A beijei tantas vezes sob o céu infinito.

Ela me quis, e eu também a queria.
Como não haver amado seus grandes olhos fixos?

Posso escrever os versos mais tristes essa noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E cai o verso na alma como o orvalho no trigo.

Que importa se meu amor não pode guarda-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
Minha alma não se conforma em tê-la perdido.

Como que para traze-la para perto, meus olhos a procuram.
Meu coração a procura, e ela não está comigo.

A mesma noite faz embranquecer as mesmas árvores.
Nós, quem nós éramos, não somos os mesmos.

Já não a amo, é certo, mas como a amei.
Minha voz buscava o vento para tocar-lhe os ouvidos.

De outro. Será de outro. Como antes de meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro. Seus olhos infinitos.

Já não a quero, é certo, mas talvez ainda a queira.
É tão curto o amor, e tão longo o esquecimento.

Porque em noites como essa a tive em meus braços,
Minha alma não se conforma em tê-la perdido.

Ainda que esta seja a última dor que me cause,
E estes, os últimos versos que lhe tenha escrito.
Pablo neruda

Anónimo disse...

«Abrem-se
como pérolas
à primeira luz do dia,
os desejos.

Em sonho,
ganham forma e cor.

E
leves,
mil vezes leves,
ondulam na transparência azul das águas.

Quem
nesse ferido mar
ainda não ouvui bater um coração»

Daniel Braga disse...

Um abraço meu caro. Vou seguir com interesse o teu blogue e comentar quando for o caso.